27 febreiro, 2022

Pinga VIII : Caminhos

 

Caminhas por um caminho retorto,
sem saber que atoparás na revolta.
Estás preparado para improvisar
e para arranjar todo o que cumpra,
em disposiçom de fazer-te o morto.

🌟



Moradelha editora




Pinga VII : Noite pecha

 

Separou-nos a noite pecha,
que invisíveis nos fijo.
Quijo que foramos cegos,
zelosa de nós e a Lua.

🌟



Moradelha editora




21 febreiro, 2022

Pinga VI : Vinho doce

 


Nom é minha tarefa loitar,
senom travalhar em sossego.
Nom vou à feira aos enemigos,
vou à conversa cos amigos.

A minha loita é a parola
ainda que cante moi afiada,
ou de tono um chisco subida,
ou que fenda coma um coitelo.

É o meu verbo solitário
quem minha soidade consola,
arroupando-me coa sua calma,
durmindo-me coma um meninho.

Vinho doce, minhas palabras,
se bebe-las co teu coraçom,
que só querem quentar teu corpo
e a tua ánima coa sua beiçom.

🌟



Moradelha editora




19 febreiro, 2022

Pinga V : Beleza

 


A elegáncia dum cisne,
movendo sua candura
nas augas da lagoa,
é a tua bela figura.

Debuxas ondas na auga,
pós cor a minha ánima,
alumeas meus olhos,
dás-lhe sentido à vida.

🌟



Moradelha editora




18 febreiro, 2022

Pinga IV : Bolboreta azul

 

Num mar de espigas verdes
voava uma azul bolboreta.
Ao mar pompeava-o o vento,
as espigas tanhiam seus graos
e a bolboreta escrevia versos.

🌟



Moradelha editora




17 febreiro, 2022

Pinga III : Entrada libre

 

Entraches no meu Lar
sem prévio aviso,
remexendo o que quigeches
sem permisso.

Acendendo as luzes todas
ao teu passo,
abrindo portas e janelas,
ventilando nossas almas,
enchendo de perfume nossos peitos,
acaroando-nos a pel
cos teus suspiros.

Trouxeches ao meu Lar a primavera
quando parecia que o inverno era eterno,
ensinaches a cantar às almas mudas
e reanimaches um coraçom congelado.

🌟



Moradelha editora




16 febreiro, 2022

Pinga I : Soidades

 

Cal é a cor da soidade?.
Se fora branca,
seria uma cima nevada.

De nom ser branca,
seria incolor,
como a neve derretida
que quer fluir e ser rio.

Seria auga fresca
bicando as pedras,
ajudando-as no caminho,
dando-lhes vida.

A soidade é um pensamento
capaz de mover penedos.
Fai medrar aquel 
que habita nela.

Soidade é pedra que roda,
é auga pura,
é a vida silenciosa.

🌟


Moradelha editora