30 setembro, 2022

Pinga LXIX : Agradecimento

 

Nom seram versos para ser louvados,
senom as verbas de agradecimento
polo poder da nossa viva língua,
pola sua harmoniosa e doce feitura.

🌟



Moradelha editora




28 setembro, 2022

Pinga LXVIII : Palavra calada

 

Muito melhor
a palavra calada
senom há ser
uma limpa e honesta.

🌟



Moradelha editora




Pinga LXVII : Junqueira

 

Co acougo da junqueira
ao agarimo da fonte,
uma tarde de outono,
sendo já case noite,
mirávamos ao ceo.

🌟



Moradelha editora




26 setembro, 2022

Pinga LXVI : Futuro



 Polos ouvidos percebendo
futuros acontecementos
dum antigo presente, uns feitos,
que nós nom os vivimos ainda
e ham ocorrer sem dúbida.

🌟



Moradelha editora




25 setembro, 2022

Pinga LXV : Sem saída

 

Passa o tempo e sigo vendo
muitos caminhos talhados,
muitas ruas sem saída,
uns carreiros e lameiros
que nom se dam travessado
e poucos braços abertos.

🌟



Moradelha editora




Pinga LXIV : Sonho de outono

 

Pinto o meu sonho
da cor amarela,
vejo azul a auga do mar
e deito-me nela.

🌟



Moradelha editora




21 setembro, 2022

Pinga LXIII : Luz

 

Quem som eu ?,
para apagar-lhe a luz 
a quem me dá vida.

Quem som eu ?,
para negar-lhe a luz
a quem me ilumina.

🌟



Moradelha editora




20 setembro, 2022

Pinga LXII : Luz de estrela

 

E dixo-me a estrela :

A luz que agora estás vendo
apagou-se há mil anos,
mas eu alumbrarei
ainda mil anos mais.

🌟



Moradelha editora




19 setembro, 2022

Pinga LXI : Humilhacions

 

Conforme passam os anos
acumulam-se humilhacions.
Nom há nada que fazer-lhe,
nomais podes que traga-las
e quanto mais as envias,
ainda mais te enaltecem.

🌟



Moradelha editora




17 setembro, 2022

Pinga LX : O tempo

 

O tempo aproxima-se co tempo,
entom chega um tempo que o teu tempo 
e o mesmo tempo que meu tempo.

🌟



Moradelha editora




Pinga LIX : Raio de luz

 

A auga é fonte de vida.
A vida fonte de esperança.
A esperança é um raio de luz
na escuridade.

🌟



Moradelha editora




16 setembro, 2022

Pinga LVIII : Baldréu

 

Vai lavar as mans, baldréu
e limpa os mucos marrao,
que vouche presentar
a uma minha amiga.

🌟



Moradelha editora




15 setembro, 2022

Pinga LVII : Coraçom de maçã

 

Ninguém lhe come o coraçom
a uma maçã,
nom se come, 
tem a semente.

🌟



Moradelha editora




Pinga LVI : Primavera

 

O vento azofrado
da flor dos pinheiros.
O canto do cuco
num ninho alheio.
As tardinhas de amor,
bicos nos palheiros
Dum sonho amarelo
o coraçom cheio.

🌟



Moradelha editora




14 setembro, 2022

Pinga LV : Caminho

 

Detenho-me no caminho,
para pór-me diante de vós,
espido, mirando ao ceo.

🌟



Moradelha editora




09 setembro, 2022

Pinga LIV : Nascim

 

Nascim aqui e os meus pais
e os seus pais 
e os pais dos seus pais.
Som feito deste ar,
desta terra,
deste vento,
deste estrume;
de sangue enxebre.
Sorvo primigénio de leite,
de leite da cor do leite.

🌟



Moradelha editora




02 setembro, 2022

Pinga LIII : Semente

 

O froito que indultache de come-lo
será o pai dumas colheitas vindeiras
e a mantença de geracions famentas.

🌟



Moradelha editora