24 agosto, 2024

Pinga CXI : Canastro

 
O carro com ladrás
vazárom-no na adega
e dipois da escasula
enchérom o canastro
co milho da colheita.




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Pinga CX : Hedra

 
Trés ponlinhas de hedra
debuxam a bandeira
dum povo enraizado
nos valados de pedra.




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21 agosto, 2024

Pinga CIX : A chiba

 
Muito chorou a meninha
pola sua chiba branca,
quando abandoou a casinha
para viver na cidade.




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25 marzo, 2024

Pinga CVIII : A sobreira

 
A nossa velha sobreira
latejará co seu toro
coma gigante bugalho.

Até que um dia bem lonjano
renascerá-lhe o retono
que lhe devolva sua vida.




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09 setembro, 2023

Pinga CVII : Pena

 
Se nom me escreve ninguém,
morrerei coa pena;
se escrevem-me com pena,
com pena finarei.




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06 setembro, 2023

Pinga CVI : Paisagem


 
Debuxam as árvores
caminhos i herdades,
debuxam recordos
de velhos amores.




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28 agosto, 2023

Pinga CV : Multiverso

 
A fermosura do nosso Universo,
meticulosamente desenhado,
escapa a uma sábia comprensom,
dum infinito Multiverso.




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15 agosto, 2023

Pinga CIV : Jasmim

 

Sair ao meu jardim,
respirar aire fresco,
cheirar a jasmim
e sentar-me convosco.



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20 xuño, 2023

Pinga CIII : Fria tarde

 

Cuma chisca de licor
e um anaco de roscom,
quedei coronando
coa tarde tam fria.




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30 maio, 2023

Pinga CII : Anzolo

 


Às vezes dim-se cousas
de jeito dum anzolo
para que os peixes
abram a boca.




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13 maio, 2023

Pinga CI : Farangulhas

 

Farangulhas milhas
no leite fervido.
Manhás de inverno
ao pé da cocinha.




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28 abril, 2023

Pinga C : Conjuro

 

Uma queimada bem feita
fai fugir os pesadelos
i espanta todos os demos.
Bebe-la em taça, com mimo,
esperta ò espírito adurmido.




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23 abril, 2023

Pinga XCIX : Pensamento

 

Biquei um pensamento
que chegou-me polo ar.
Colhim o seu espírito
e botei-no a voar.




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07 abril, 2023

Pinga XCVIII : Espírito

 

Um espírito eterno
que morre e nasce
quando lhe praze.
Quando quere aparece
ou desaparece.




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01 febreiro, 2023

Pinga XCVII : O mel e o fel

 

Eu, do mel,
já tivem bem del.
Agora só quero
um fraco agarimo,
um frouxo biquinho.

Tamem tivem fel
e tivem bem del.
Agora só quero
andar à tua beira,
seguir meu caminho.




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24 xaneiro, 2023

Pinga XCVI : A espera

 

Uma fiestra solitária
petando fronte ao azul do mar,
é nossa vida de esperas,
som nossos sonhos e arelas.




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31 decembro, 2022

Pinga XCV : Brétemas

 

Pouco a pouco passam os anos
e tua imagem vai-se cobrindo,
pouco a pouco dumas brétemas,
que meu Sol nom dá dissolvido.

🌟



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22 decembro, 2022

Pinga XCIV : Atrevimento

 

Pequei de atrevimento,
podendo estar calado,
que era o que houvem fazer
e marchar em siléncio.

🌟



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16 decembro, 2022

Pinga XCIII : Ir cheirar

 

Foi cheirar o gatinho
polo rabo da porta
e pechou-se-lhe de súpeto
e mirrou o fucinho.

🌟



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14 decembro, 2022

Pinga XCII : Vivo

 

Eu sempre estou vivo
e nunca sei quem som,
nim em que Mundo habito.

🌟



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07 decembro, 2022

Pinga XCI : Saber

 

Um sábio que chora sua ignoráncia
e um tolinho que ri-se de nom saber.
Dous bocejos de puro aborrimento,
cheios de fame de conhecimento.

🌟



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20 novembro, 2022

Pinga XC : Até nunca

 

Deu-me um bico de adeus,
abriu a porta e marchou
pra nom voltar nunca mais.

🌟



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19 novembro, 2022

Pinga LXXXIX : Arroiada

 

E quando meta a direta,
é possível que bem cedo,
quem diante del se ponha,
estorvando seu caminho,
será arroiado polo Mundo.

🌟



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12 novembro, 2022

Pinga LXXXVIII : Bala perdida

 

Fora uma bala perdida
que travessara meu peito,
dende entom nom vou direito
com essa fonda ferida.

🌟



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09 novembro, 2022

Pinga LXXXVII : Sol-pór



 Desapareceu a tarde,
o Sol e o sonho que sonhei.
Vai aparecendo a noite,
a Lua e a estrela que amei.

🌟



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08 novembro, 2022

Pinga LXXXVI : Jardim

 

Tenho meu próprio jardim,
sem portas nim janelas.
Nel sempre é primavera.

🌟



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05 novembro, 2022

Pinga LXXXV : Médio-dia da vida

 

Cálida luz do médio-dia da vida,
esse raio luminoso do inverno
que vem rompendo a noite e o siléncio
e dá rachado o frio, a giada.

🌟



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02 novembro, 2022

Pinga LXXXIV : Louco amor

 

Louco amor de médio-dia,
louco amor, parece pouco.
Muito amor de noite e dia,
um delírio tolo e rouco.

🌟



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01 novembro, 2022

Pinga LXXXIII : Recordos

 

Bem embarruntado,
cheio de recordos
à ventura marchei,
pingando-me amores
que moi longe deixei.

🌟



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31 outubro, 2022

Pinga LXXXII : Sendeiro de luz

 

De afeito encetou
um sendeiro de luz,
traçando um caminho
òs aventureiros
que buscam respostas.

🌟



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29 outubro, 2022

Pinga LXXXI : O pleno luar

 

O Sol pinta um espelho
na cima dum outeiro
i eu mirando ao espelho
é a Lua o que vejo.

🌟



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27 outubro, 2022

Pinga LXXX : Teimosa meninha

 

Aquela risonha meninha
que nunca mirava para mim,
era teimosa coma o rato
que viu-lhe as orelhas ao gato.

🌟



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24 outubro, 2022

Pinga LXXIX : O lis

 

E assim era ela :
Cara branca coma lis
e um delicado aroma,
como brancos alelis.

🌟



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19 outubro, 2022

Pinga LXXVIII : Nana na noite

 

Um adorno musical,
compasso com sanefa,
quatro rápidas notas
de doce melodia.

Uma cançom de berce
quando remata o dia,
uma choiva de estrelas,
aginha que noitece.

🌟



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18 outubro, 2022

Pinga LXXVII : Atos valeiros

 

Minhas palavras brincam
na vossa cabeleira.

Meus pensamentos jogam
com todo vosso corpo.

Meus atos som valeiros,
meu coraçom perdido.

🌟



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15 outubro, 2022

Pinga LXXVI : Juntos

 

Pra onde tenho que marchar,
marchar sem vós nom podo.
Por onde hei de caminhar,
caminharei convosco.

🌟



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14 outubro, 2022

Pinga LXXV : Pensei

 

E quedei em siléncio,
cum libro nas mans
e um sorriso nos beiços,
pensei que me escuitavas,
sentim que me falavas.

🌟



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09 outubro, 2022

Pinga LXXIV : Leitura subliminal

 

Uns versos que contenhem
inequívocas sinais,
encobertos mensagens,
leituras subliminais.

🌟



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08 outubro, 2022

Pinga LXXIII : Poça de siléncio

 

Adeus ao amor que há escrito
nas nossas vidas caladas.
Adeus palavras perdidas
numa poça de siléncio.

🌟



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05 outubro, 2022

Pinga LXXII : Confesom

 

Regala-me essa verdade
que che foi dada
e que tam escondida tés,
tam só co medo 
de que che seja roubada.

🌟



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04 outubro, 2022

Pinga LXXI : A gamela

 

Uns peixinhos prateados
e voadores golfinhos
saúdam nossa gamela
ao sair a mar aberto.

🌟



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02 outubro, 2022

Pinga LXX : Vento

 

O vento fungava entros pinheiros
para bendizer nossos ouvidos.
Eram sinfonias saídas duns sonhos
soando co amencer do novo dia.

🌟



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30 setembro, 2022

Pinga LXIX : Agradecimento

 

Nom seram versos para ser louvados,
senom as verbas de agradecimento
polo poder da nossa viva língua,
pola sua harmoniosa e doce feitura.

🌟



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28 setembro, 2022

Pinga LXVIII : Palavra calada

 

Muito melhor
a palavra calada
senom há ser
uma limpa e honesta.

🌟



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Pinga LXVII : Junqueira

 

Co acougo da junqueira
ao agarimo da fonte,
uma tarde de outono,
sendo já case noite,
mirávamos ao ceo.

🌟



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26 setembro, 2022

Pinga LXVI : Futuro



 Polos ouvidos percebendo
futuros acontecementos
dum antigo presente, uns feitos,
que nós nom os vivimos ainda
e ham ocorrer sem dúbida.

🌟



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25 setembro, 2022

Pinga LXV : Sem saída

 

Passa o tempo e sigo vendo
muitos caminhos talhados,
muitas ruas sem saída,
uns carreiros e lameiros
que nom se dam travessado
e poucos braços abertos.

🌟



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Pinga LXIV : Sonho de outono

 

Pinto o meu sonho
da cor amarela,
vejo azul a auga do mar
e deito-me nela.

🌟



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21 setembro, 2022

Pinga LXIII : Luz

 

Quem som eu ?,
para apagar-lhe a luz 
a quem me dá vida.

Quem som eu ?,
para negar-lhe a luz
a quem me ilumina.

🌟



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20 setembro, 2022

Pinga LXII : Luz de estrela

 

E dixo-me a estrela :

A luz que agora estás vendo
apagou-se há mil anos,
mas eu alumbrarei
ainda mil anos mais.

🌟



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19 setembro, 2022

Pinga LXI : Humilhacions

 

Conforme passam os anos
acumulam-se humilhacions.
Nom há nada que fazer-lhe,
nomais podes que traga-las
e quanto mais as envias,
ainda mais te enaltecem.

🌟



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17 setembro, 2022

Pinga LX : O tempo

 

O tempo aproxima-se co tempo,
entom chega um tempo que o teu tempo 
e o mesmo tempo que meu tempo.

🌟



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Pinga LIX : Raio de luz

 

A auga é fonte de vida.
A vida fonte de esperança.
A esperança é um raio de luz
na escuridade.

🌟



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16 setembro, 2022

Pinga LVIII : Baldréu

 

Vai lavar as mans, baldréu
e limpa os mucos marrao,
que vouche presentar
a uma minha amiga.

🌟



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15 setembro, 2022

Pinga LVII : Coraçom de maçã

 

Ninguém lhe come o coraçom
a uma maçã,
nom se come, 
tem a semente.

🌟



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Pinga LVI : Primavera

 

O vento azofrado
da flor dos pinheiros.
O canto do cuco
num ninho alheio.
As tardinhas de amor,
bicos nos palheiros
Dum sonho amarelo
o coraçom cheio.

🌟



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14 setembro, 2022

Pinga LV : Caminho

 

Detenho-me no caminho,
para pór-me diante de vós,
espido, mirando ao ceo.

🌟



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09 setembro, 2022

Pinga LIV : Nascim

 

Nascim aqui e os meus pais
e os seus pais 
e os pais dos seus pais.
Som feito deste ar,
desta terra,
deste vento,
deste estrume;
de sangue enxebre.
Sorvo primigénio de leite,
de leite da cor do leite.

🌟



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02 setembro, 2022

Pinga LIII : Semente

 

O froito que indultache de come-lo
será o pai dumas colheitas vindeiras
e a mantença de geracions famentas.

🌟



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29 agosto, 2022

Pinga LII : Miradas



 Que falem os olhos !
e cante o coraçom,
tal como fai o Sol
que a Lua alumea
e que nossas vozes
quedem-se caladas.

🌟



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26 agosto, 2022

Pinga LI : Segredo

 

Sendo verdade o que ouvim,
essas cousas que eu sentim.
Nom serei eu quem conte
um segredo tam grande.

🌟



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25 agosto, 2022

Pinga L : Amence

 

Instante de arrepio
no meu corpo aparece,
vendo quando amanhece
nos eidos com rocio.

Arranque de motores,
vitaminado impulso.
Um novo dia fluindo,
bem longe de estertores.

🌟



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22 agosto, 2022

Pinga XLIX : Fadiga

 

Caminhou até cair rendida,
pola canseira vencida,
trás o longo percorrido.

É polo seu próprio peso,
que cai ò chan o prêssigo
e livra à pola da fadiga.

🌟



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21 agosto, 2022

Pinga XLVIII : Lembranças

 

A verde espiga,
o gram dourado,
branca flor de farinha,
o pam trigo cocido
no lume da lareira,
jorro de sentimentos,
mangado de recordos.

🌟



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20 agosto, 2022

Pinga XLVII : A médio gás

 

Vou, afeito à adversidade,
vou caminhando a médio gás
e assim deste jeito
sempre levo cheio o peito,
cheio, a bordar.

🌟



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19 agosto, 2022

Pinga XLVI : O rio

 

Dixo-me o rio :

As augas que vês,
outros já as virom,
mas nom fora aqui,
senom noutro rio.

I eu sinto tristura
ao darche um regalo,
que nom cabe nas mans,
nem che colhe no colo.

Anacos de vidas
envoltas em auga,
de jeito que poidas
viver sem nada.

🌟



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18 agosto, 2022

Pinga XLV : Juventude

 

Adeus juventude,
tesouro meirande,
secarom-se as fontes,
arderom os montes.

🌟



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Pinga XLIV : Giesta

 

Num regueiro cristalino
pechei os olhos
e sentim cheiro de gestas,
aromas de primavera.

🌟



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12 agosto, 2022

Pinga XLIII : Arte

 

A música tem suas cores
e a pintura os seus amores.
Flui um universo de arte,
arredor das nossas dores.

🌟



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11 agosto, 2022

Pinga XLII : Despedida

 

Vós nom tenhades pena de mim,
eu morrerei em paz, sonhando,
num conto metamorfoseando
um cándido e doce serafim.

🌟



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09 agosto, 2022

Pinga XLI : Alma abandoada

 

Taxidérmica imagem
dum home dessecado,
duma alma abandoada
à soidade eterna.

🌟



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08 agosto, 2022

Pinga XL : Morcego

 

É o eterno penar
de quem vive cego.
Se eu fora morcego,
teria medo a voar.

E ainda mais medo,
se uma águia cobreira,
que eu nom a visse,
polo ceo voasse.

Se ti foras a águia,
teria amor cego
e sem ningum medo,
onda vós voaria.

🌟



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07 agosto, 2022

Pinga XXXIX : Ponto de apoio

 

Há cordas pra te agarrares
quando todo estea perdido.
Abre os olhos e mira-as bem,
procura escolher com tino.

Que seja uma que nom rompa
coa primeira turra-dela.
Uma corda que che sirva
agora, manhá e sempre.

🌟



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06 agosto, 2022

Pinga XXXVIII : Jardim queimado

 

Brotavam umas flores
que coronava ve-las
e prenderom-lhe lume
ao nosso jardim.

🌟



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05 agosto, 2022

Pinga XXXVII : Voo da águia

 

Contemplo parmado 
o sigiloso voo
duma águia cobreira,
debuxando no ar
sua paz passageira.

🌟



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04 agosto, 2022

Pinga XXXVI : Arma letal

 

Seu doce sorriso
morde meu coraçom,
parte a minha alma
e acaba comigo.

É uma arma letal,
nom lhe hai que fazer.
Quando a tés cravada,
namais podes morrer.

🌟



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02 agosto, 2022

Pinga XXXV : Ratinho

 

Um ratinho que dorme
num calado palheiro.
Tendo medo da noite,
escondido entras palhas.

I eu nom dou durmido
no meu sonho primeiro.
Ando sempre desperto,
com luzes  e nugalhas.

🌟



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31 xullo, 2022

Pinga XXXIV : Perene

 

Que uma árvore sempre tenha folha,
nom fai que uma folha seja perene.
A vida continua cum relevo,
mas o nosso espírito fai-se eterno.

🌟



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Pinga XXXIII : Trono

 

Aquel geado penedo
que fora um vómito ardendo
do mesmo ventre da Terra,
agora é o meu trono
para olhar as estrelas,
as noites de Lua nova.

🌟



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04 xullo, 2022

Pinga XXXII : Poema

 

Quigera escrever um poema branco
deixando-lhe a minha vida dentro.
Mas compriria um oco primeiro
e pode ser que nom pague a pena,
se pra escreve-lo hei de vazar-me.

🌟



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03 xullo, 2022

Pinga XXXI : Poetisa

 

Uma bela poetisa
apaziguava a sua dor
com sonhos e com versos,
com romanças e contos.

Disfarçava os pesares
cum sorriso inocente
e sanava as feridas,
escrevendo poesias.

🌟



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30 xuño, 2022

Pinga XXX : Conto

 

Achei-me durmindo
baixo uma sobreira,
nos pés um cancinho
e cum livro na man.

Abofé que nom sei
como ali eu cheguei.
Às vezes vivimos
os contos que lemos.

🌟



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28 xuño, 2022

Pinga XXIX : Passeio

 

Cheirava a erva-luísa
polas beiras dos jardins,
coronava o passeio
da tardinha de Abril.

🌟



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26 xuño, 2022

Pinga XXVIII : Montanha dos espíritos

 

Na montanha dos espíritos
hai passeios polas nuvens
e caminhos cara ao ceo.

Hai uma luz permanente
que alumea os arvoredos
e protege aos caminhantes.

🌟



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25 xuño, 2022

Pinga XXVII : Deitada na praia

 

Os teus dedos acaroam
uns pouquinhos graos de area
e teus pensamentos lembram
a juventude na praia.

Está cantando a tua gorja
que chamavam-te Maria
e que tinhas a alma cheia
de sonhos e mais ledícia.

🌟



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24 xuño, 2022

Pinga XXVI : Chisco de luz

 

Afeito ò negrume
calquer chisco de luz
é a oportunidade
para abrir os olhos.

🌟



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21 xuño, 2022

Pinga XXV : Ninho



 Ulo ninho de candura ?,
que sonhei Lua tras Lua,
nosso lar cheio de tenrura.

Ulo lume do teu peito ?,
a tua alegria, ula ?,
o querer com tanto jeito.

🌟



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18 xuño, 2022

Pinga XXIV : Coraçom

 


Meu coraçom é um poema
escrito com sangue,
que impulsa à ánima
e habita uma praza
onde sempre hai feira.

🌟



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16 xuño, 2022

Pinga XXIII : Apalpadelas

 

Vejo-vos eu em sonhos
coma um cego que vé coas mans.
Caminho às apalpadelas
remexendo entras estrelas.

🌟



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15 xuño, 2022

Pinga XXII : Anónimo


 

Anónimo perderei-me
entre folhatos e ventos,
na média-noite das flores,
coa madureza dos froitos.

🌟



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14 xuño, 2022

Pinga XXI : O adeus

 

Deu-me um bico
e dixo-me adeus
i aqui ficamos
o bico e mais eu.

🌟



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Pinga XX : Milongas

 

Vinham-me coas suas milongas
i eu já farto de mandangas,
mandei-nos fritir patacas
e asar castanhas folecas.

🌟



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13 xuño, 2022

Pinga XIX : Armas

 

Nossas armas som verbas
em anacos de papel,
umas bágoas de tinta
toupando-nos nos beiços.

🌟



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12 xuño, 2022

Pinga XVIII : Raposinha

 


Com feitiços e tesouros
seduzia aos seus amantes,
com astúcias e com berros
atraía aos penitentes.

Uma raposinha loura
ía rondando os poleiros,
aparecendo de noite
com suspiros de siléncio.

🌟



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29 marzo, 2022

Pinga XVII : Sinais

 


Reconhecerei o teu canto
entre mil bandadas de cantos
e saberei distinguir tua luz
entre a multitude de estrelas.

🌟



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28 marzo, 2022

Pinga XVI : Alma preciosa

 

Cravei-lhe os meus olhos
na sua preciosa alma
e pudem-lhe apalpar
seu nobre coraçom.

🌟



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26 marzo, 2022

Pinga XIV : Plenitude

 

Somos eterna extensom
duma flor, da semente
duma planta e sua raiz,
das suas folhas,  seu froito.

Eterna extensom de mim,
convidando com sinais,
que me fales no ouvido
e madures comigo.

🌟




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20 marzo, 2022

Pinga XII : Nova primavera

 


Nascerá dela uma flor 
do simétrico Universo
e uma brilhante folha
coa nova primavera,
reinará na carvalheira.

🌟



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19 marzo, 2022

Pinga XI : Suspiro espido

 

Um quero-te rouco,
desafinado e a destempo
sai da minha alma;
um suspiro espido
buscando o teu agarimo.

🌟



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07 marzo, 2022

Pinga X : Morto

 


Quigem fazer-me o morto
e botei-me a chorar
como choram os mortos,
num siléncio abismal.

🌟



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